16 de mar. de 2010

Romeu e Julieta


Estar ao seu lado dava-lhe paz. Não aquela paz monótona que imaginamos quando a definimos... Se eu conseguisse descrever a paz, diria que ela é como uma felicidade serena: enche-se o peito de um ar deliciosamente perfumado - da nossa fragrância preferida -, de temperatura morna quase fria. Esta temperatura perfeita nos permite que não sintamos este ar entrar: ele simplesmente adentra quando enchemos o peito dessa tal felicidade... É algo tão imperceptível quanto respirar ao dormir. Mas, porque a sua mente andava sã, seu sorriso tornara-se costumaz, ela percebeu o que estava acontecendo-lhe... Uma paz diferente.

No início foi paixão. Vontade repentina de estar junto, sentir seus lábios, pele, corpo, ouvir seus risos, sentir o frio no pé da barriga que ele tinha (e tem) tanta facilidade em proporcionar-lhe. Ela não sabe ao certo o momento exato que passou a amá-lo. Sim: amá-lo... Mas quando ele escreveu que a amava, ela soube, ao ler, que a recíproca era verdadeira. Sentiu-se plenamente feliz.

Qual a hora certa de dizer eu te amo? Ela costumava demorar. Mas parece que a idade, apesar de deixá-la mais seletiva e desconfiada para o amor, deixou-a mais segura para verbalizar seus sentimentos. Amor? Tão rápido assim? Por que não? Por que não dizer, então?

Na verdade, nem era tão rápido assim se contar os 25 anos de "conhecidos" - não era propriamente uma amizade, visto que ele era amigo do irmão mais velho dela. Iam juntos para o clube quase todos os finais de semana durante sua infância, iam para o mesmo interior durante quase toda a sua adolescência... ele fora ao seu casamento! O mundo gira... Girou e o destino os fez terminar seus relacionamentos de anos quase na mesma época - um mês de diferença. Coincidência ou providência divina? Quem sabe? Quem saberá? Pois. Eles se conheciam há uma vida e só agora, depois de tantos anos, vieram a se encontrar. Perceberam-se tão compatíveis. Desejaram um ao outro.


Nas suas conversas ela percebia seus gostos, seu jeito. "A gente combina em tanta coisa...". A vontade foi nascendo inconscientemente, até que um beijo se deram num sonho dela. Contou a ele. Queria, no fundo, ver sua reação. Fingiu despretenssão, mas sabia que acordara com vontade de beijá-lo. E decidiu abrir seu coração até então fechado. A partir dali bastaram 48 horas para que o sonho se concretizasse na vida real, vida de olhos abertos. Ela jogou qualquer resquício do antigo amor na privada e cedeu aos beijos dessa nova paixão que estava palpitando em seu peito, tomando conta dos seus pensamentos, "tirando-lhe o ar para que ela pudesse respirar" de novo. E quando o beijo aconteceu foi perfeito: melhor do que no sonho! Melhor do que qualquer um. Melhor do que todos. E ali ela soube que seriam perfeitos como todos os "Romeu e Julieta" que curtiriam: mistura deliciosamente ideal.